Crítica: 2 Filhos de Francisco



Nada como esperar a poeira baixar para se poder julgar um filme sem pressões externas. Foi assim com Titanic, que em 1998 ganhou o recorde de Oscars (até então) e levou multidões aos cinemas, mas que, uma década após, foi considerado por muitos uma vergonha por ter se deixado levar pela breguice - exatamente como quando você sai à noite, toma um porre daqueles e se pergunta no outro dia de ressaca: "como fui fazer isso?"

2 Filhos de Francisco (2005) é um desses casos. Um sucesso do cinema nacional na época, e aclamado igualmente pelos críticos (?), se ouvia muito na época: "é o melhor filme brasileiro de todos os tempos". Isso, obviamente, daqueles que admiravam a carreira de Zezé di Camargo & Luciano. Já os mais céticos diziam: "é um bom filme, mesmo para quem não gosta do estilo de música". Aliás, tal filme chegou a ser o representante brasileiro ao Oscar (Globo Filmes... alguma coincidência?). Entretanto, não preciso nem comentar que ficou longe de atravessar a linha do Equador e representar-nos no Kodak Theater.

Falando do filme em si, a primeira parte é realmente mais envolvente, apesar de apelativa. É claro que a história de vida dos compositores foi sofrida, e justamente por isso acabou virando um longa. De qualquer forma, a atuação não é ruim, mas ganhou notoriedade 5 anos atrás mais pela semelhança física dos atores, do que pelo desempenho propriamente dito. Já a segunda parte do filme, quando os cantores já são adultos, é um naufrágio total: torna-se um cliché típico e sem graça. Importante destacar também o trabalho linguístico do filme, um dialeto indecifrável no qual os personagens se comunicam, o qual entendi somente à base de legenda (penso que aqueles que assistiram no cinema não tiveram a mesma sorte).

Concluindo, 2 Filhos de Francisco não chega a ser uma total perda de tempo, até porque é bem feito em níveis técnicos. A tristeza que fica é que o sucesso desse filme pode trazer sequências intermináveis de cantores bregas no cinema (vide o longa de Daniel que foi lançado há menos tempo). Contudo, assim como uma bebedeira, é só tomar um analgésico pela manhã, muita água e se lembrar de não cometer o erro novamente na noite seguinte.


 

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