Crítica: It - Uma Obra Prima do Medo


Existem inúmeras formas de prender um telespectador a um filme, das quais, pode-se citar algumas explicáveis e outras nem tanto. Dos gêneros tratados como forma de transmitir uma estória ou mensagem a um determinado público, seja lá qual for o interesse final da obra, cada um ganha sua peculiaridade na forma como sua mensagem é transmitida e recebida por quem assiste à uma obra cinematográfica.

Dessa forma, cada gênero escolhido para conduzir cada estória tem capacidade de tornar qualquer obra boa ou ruim ao seu término. Porém, há algumas diferenças entre os gêneros, alguns possuem maior aceitação do público, outros nem tanto. Em It - Uma Obra Prima do Medo (It, 1990), longa dirigido por Tommy Lee Wallace e adaptado de uma obra de Stephen King, o terror cumpre sua tarefa de tornar a história tão agonizante e, ao mesmo tempo, hilariamente assombrosa aos olhos do cinéfilo.

Na obra, It (A Coisa) é uma assombração disfarçada de palhaço. Tão possível de tornar o personagem uma mera comédia de um terror mal-dirigido, o filme, em geral, não deixa nada a desejar aos amantes do gênero sangrento. Trata-se de uma estória basicamente simples, contada lentamente em seus bem explorados 180 minutos.

Resumidamente, na pequena cidade de Derry, existe uma força do mal que vêm matando crianças do local, e, assim, sete crianças juntam-se para unir suas forças na tentativa de acabar com este ser indesejado. Passado algum tempo, ele vai embora e as crianças decidem, então, jurar que, caso um dia ele retorne a assombar o local ou a vida de algum deles, unirão novamente suas forças na tentativa de acabar definitivamente com "A Coisa".

Neste terror psicológico, o gênero mostra sua grande capacidade de realmente ser muito mais do que sangue e tortura mostradas de forma exaustiva na intenção de simplesmente agonizar quem o assiste. Uma das maiores virtudes de um filme de terror bem-explorado é transmitir a mesma "realidade" da estória, passando medo ou grande apreensão a quem assiste às cenas, tentanto fazê-lo adentrar ao filme. Nem sempre é necessário utilizar-se do vilão em demasiadas cenas para garantir um filme tenso. A simples escolha de sua participação numa cena no momento certo (lê-se, no caso, momento imprevisto ao telespectador), pode garantir ou provocar tanta - ou mais - aflição e susto quanto incontáveis sequências de cenas programadas e previsíveis à olhos já cançados de mesmice.

A escolha de fantasiar de palhaço este ser maligno que "simplesmente" assombra uma pequena cidade matando criancinhas é uma excelente alternativa de resumir o mal existencial em uma simples imagem. Palhaços podem ser tão bem quanto mal vistos, depende da circunstância, e, especificamente para crianças, esta figura pode ser muito mais desinteressante do que qualquer outra imagem aterrorizante. Na trama, passados os diversos anos do acontecimento inicial, as crianças tornam-se adultas, suas vidas mudam, assim como suas personalidades, porém, a imagem a que todos chocaram em suas infâncias não mudou, o pânico de anos ainda provoca o mesmo medo. Disfarçando-se de várias formas, "A Coisa" torna a assombrar a todos em seus momentos mais frágeis, que, diante de seus problemas particulares, esquecem-se deste mal e deixam-se levar por ele diante de suas inocências.



Pode-se dizer, assim, àqueles que apreciam à um bom terror, que este filme pode cumprir boas expectativas, relembrando alguns outros clássicos do gênero que, por vezes, tem sido tão mal explorado ultimamente.

Contudo, embora a obra seja adaptada de um livro do consagrado escritor de terror Stephen King, este bom filme não é considerado, ainda assim, uma adaptação fiel à história descrita no livro, por este conter demasiados detalhes, e que a "obra prima" a que remete o precipitado título traduzido no Brasil, mais vale à obra escrita do que à obra filmada.






 

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