Crítica: Enterrado Vivo


E da originalidade, parou só na originalidade. A premissa que parece chamar o público para o filme faz refém o próprio trabalho na sua ausência de uma direção mais envolvente. Este trabalho do iniciante diretor espanhol Rodrigo Cortés, deixa dividida a plateia que pode considerá-lo interessante e aqueles que insistem em ver que o longa não responde à todas as expectativas. De trailers iniciais com teasers realmente chamativos, Enterrado Vivo (Buried, 2010) parou na sua primeira ideia. Analiticamente, percebe-se que a direção enterra-se junto neste caixão, e limita-se na criatividade de encontrar alternativas de qualidade para a obra. É como se fosse realmente uma iniciação, em que a vontade de fazer os primeiros trabalhos fazem surgir uma grande ideia inicial, mas a falta de bagagem e experiência geralmente o faz não conseguir segurar a qualidade durante todo o tempo - ou parte dele - para garantir uma eficiência importante.

O que serve de chamativo importante no longa é a capacidade de identificação dos espectadores com a situação do protagonista Paul Conroy (Ryan Reynolds). Na ideia em que todos basicamente não desejam a ideia da morte, a agonia de manter-se vivo na situação de um cadáver torna-se algo angustiante. Para os que não se deixam convencer com ideias iniciais, é fácil imaginar que aquela situação dificilmente será somente o que parece.

A semelhança e identificação com jogos de "escape" é fácil para quem se percebe atento, e isso pode ser um ponto tanto positivo quanto negativo. Positivo pois essa situação realmente provoca o espectador a participar da situação, tentando achar saídas válidas para o caso, (primeiro ele tem um isqueiro, depois um celular, depois uma lanterna, um bilhete, e assim por diante). O lado negativo disso tudo é perceber que isso não basta para tornar o roteiro envolvente e inteligente nas conexões de ideias. Para um filme ser cativante espera-se mais ousadia e menos monotonia (embora seja entendida nesse caso) para realmente alçá-lo como um bom trabalho.

Adiante se percebe a situação apresentada para o rapaz. Descrito como um mero caminhoneiro de produtos alimentícios para soldados americanos no Iraque, ele se imagina inocente e logo se descobre numa armadilha, devendo apresentar "5 milhões de dinheiro" a um terrorista, que faz questão de o insultar como soldado americano responsável pelas tragédias sua e de seu país, como o 11 de setembro, tudo com o único meio de comunicação: um celular.



Mas essas situações estão em segundo plano, claro que deveria se ter uma explicação para o rapaz ser enterrado vivo. O que importa, mesmo, é mantê-lo dentro daquele caixote o filme todo, testando e apresentando essa situação aos espectadores. Esse é o grande ponto-falho do filme. Aliado a isso, a atuação do único ator da trama que se passa inteiramente num único ambiente, também não convence por completo. No fim, é um daqueles típicos filmes que faz as pessoas interagirem na busca de ver quem sabe melhor a resposta do enigma. E a comparação com Jogos Mortais, por exemplo, não é de todo descartada, mas o "jogo" não é por diversão, nunca mostra isso. Mais vale compará-lo a obras como "Por um fio" e "Mar Aberto", pela semelhança nas agonias de seus protagonistas.

Esse suspense claustrofóbico, porém, não se passa por ruim, embora as características negativas percebidas. É um longa que, se o interesse principal era manter o público ligado na situação, ele consegue; contudo, não convence por completo. Situações como "Por quê ele não faz isso?" e "Por quê ele não fez aquilo?" são inevitáveis, mas, no fundo, nada realmente parece nos fazer imaginar que este trabalho será lembrado por uma qualidade diferenciada e aguçada, quando muito, somente por uma lembrança, do tipo: "Lembra aquele filme do cara que fica enterrado vivo tentando fugir?".




 

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